Ajude seu filho a ACREDITAR

Lisa Miller, psicóloga americana, pesquisadora e professora de Psicologia na Universidade de Columbia em Nova York, Estados Unidos, lançou o livro “The Spiritual Child” (A Criança Espiritual, tradução livre feita pela revista Crescer de julho de 2015), da Editora St. Martin Press. A psicóloga americana defende a importância de desenvolver a espiritualidade desde a infância: além de benéfica para a saúde física e emocional, permite lidar melhor com as adversidades no futuro.

Para a psicóloga, “a partir da perspectiva espiritual, é possível enxergar e respeitar o que é sagrado no outro – tanto nos membros da família e nos amigos, como nas demais pessoas da comunidade”.

De acordo com seus levantamos, crianças com a espiritualidade desenvolvida mostram melhor desempenho nos estudos, apresentam 40% menos probabilidade de usar drogas no futuro e têm risco 60% menor de sofrerem com depressão durante a adolescência.

Em sua obra, a psicóloga trata sobre o fato de os pais esquecerem de incentivar o lado espiritual de suas famílias. Os pais alimentam sonhos, esperanças e expectativas sobre o futuro dos filhos. Para isso, criam agendas elaboradas e os matriculam em diversas aulas extracurriculares. Buscam boa performance e bom rendimento das crianças. Mas essa não é uma maneira verdadeira nem estável para se viver, além de afastá-los das pessoas e do mundo ao redor.

Se a criança não tem sua espiritualidade estimulada, pode se tornar um adolescente que não encontra respostas para questões inquietantes da natureza humana, como: “Por que eu existo?”. Ou: “Qual é o sentido da vida?”. Se esse tipo de pergunta permanece sem resposta, é grande o risco de que ele apresente um quadro de depressão. Porém, se a pessoa cresce em um ambiente em que a vida espiritual é ativa, ela aprende a lidar com questões existenciais e se sente mais preparada para enfrentá-las na adolescência. As pesquisas de Lisa mostram que os adolescentes que tiveram esse lado incentivado pelos pais apresentam 60% menos chance de desenvolver depressão, mesmo que eles tenham predisposição genética.

Conhecendo o caminho que deve ser seguido para alcançar o desenvolvimento espiritual, os pais se sentem capazes de assegurar que as crianças floresçam nesse sentido. De acordo com os estudos da psicóloga americana, isso pode ser feito de diversas formas, como compartilhar com a criança as próprias experiências espirituais, assim como as dúvidas; falar com os filhos a respeito de seus questionamentos, sem julgamentos; incluí-las nas práticas e crenças da família; dar o exemplo de um comportamento ético, que seja cada vez melhor; ensinar que os familiares, amigos e todas as pessoas devem ser respeitadas.

Quando perguntada sobre como desperta a espiritualidade em seus três filhos, a autora do livro respondeu: “A espiritualidade nos chama para a vida interior, mas deve vir à tona, ser colocada para fora – com palavras, com a voz. Meus filhos agradecem a existência de um belo pôr do sol ou conversam com passarinhos que pousam por perto. (…) Às vezes, se os três brigam por alguma bobagem, colocamos fim à discussão agradecendo pela existência de cada um deles em nossa família e pelas características boas de cada um. Agradecer com palavras eleva o momento e nos faz melhores. Meu maior desejo para os meus filhos é que eles possam conduzir bem suas próprias vidas. (…) Toda criança tem seu próprio chamado, propósito e caminho a seguir. Meu trabalho, como mãe, não é encontrar o caminho dos meus filhos, mas equipá-los para que eles o encontrem ao longo de suas vidas”.

Essa entrevista foi concedida à revista Crescer em julho de 2015.

É desejo de todos nós, pais e futuros pais, que nossos filhos cresçam, caminhem sozinhos, construam suas próprias vidas. Mas um ser humano só cresce verdadeiramente quando esse crescimento se dá em três esferas: para fora, para dentro e para o alto. Para fora quando falamos em crescimento físico, estatura, saúde; para dentro quando falamos de crescimento intelectual, formação, estudo; e para alto quando falamos em crescimento nas coisas de Deus, quando caminhamos para o Céu.

Assim estava o jovem Jesus, aos Seus 12 anos de idade, em Sua vida oculta em Nazaré, onde “crescia em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e diante dos homens” (Lucas 2,52).

Que o Senhor nos dê a graça da transmissão da fé católica às nossas crianças.

Que possamos ensinar a nossos filhos a acreditar.

Eu acredito. E você, acredita?

É possível!

 

Renata Ferreira Bonincenha